Saudade é sofrer por tempo indeterminado, ou até que a presença de alguém importante volte a ser constante. É sentir-se quase vazio, como se uma parte de você o tivesse deixado, sem explicação. Não há ocupações suficientemente boas para mante-lo afastado desse sentimento traiçoeiro. E há também a incerteza, e com ela a tristeza de chegar ao ponto de se perguntar se esta pessoa esta partilhando deste sentimento angustiante, e tanto quanto você, esperando-o cessar.
É arriscado e irresistível fechar os olhos sabendo onde sua imaginação o levará.
Nossa traidora e cruel imaginação, que tem o dever de fazer-nos sentir melhor acaba derramando-nos em lágrimas.
Mostra com perfeição suas expressões, sua voz, o calor dos seus braços assim como o suave e embriagante cheiro que paira em seu pescoço. E por alguns instantes ali esta, a tão desejada pessoa, na sua frente, com aquele sorriso convidativo e hipnotizador, contornado por lábios rosados cuidadosamente desenhados em sua face, o brilho forte em seus olhos, finalmente, o faz ir naquela direção. E então o tão esperado reencontro não acontece, a imagem perde o foco, se distorce e desaparece.
Sente-se como uma criança que quer tocar as nuvens. Elas lhe parecem tão macias, seus olhos as vêem com formas acentuadas e realistas, seus braços se esticam, o corpo se projeta para tocá-las e de repente percebe que não pode.
Mas tem que admitir, por mais maldosa que seja esta imaginação, assim que surgir a oportunidade de usufruí-la, não hesitará em aceitar, já que é a maneira mais fácil e rápida de se sentir, nem que por pouco tempo, mais próximo da pessoa amada. Mesmo sabendo que o sofrimento após a “perda” da imagem será maior, ainda assim, quer isso, porque não importa o quanto vai doer se é por uma boa causa.
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